Ela fugia sempre. Ela tentava não se envolver. Parecia insensível a tudo.
Ela não queria sofrer. Ela não queria chorar. Sempre a mesma vida. Sem emoções.
E a sala cheia ao seu redor não lhe provocava reação alguma. O espetáculo que se passava ao seu redor não lhe dizia nada. Nada importava.
Ela olhava sem entender, as pessoas que riam, que batiam palmas (e pasmem, até mesmo aplaudiam de pé frente a algo que parecia inacreditável!!!), que se emocionavam quando o quadro era trágico. Via lágrimas rolarem pelas faces dos mais passionais. E continuava sem entender. O que os deixava daquele jeito? O que era tão importante pra ele? Afinal, eram apenas pessoas fingindo algo. Elas eram pagas para aquilo. O que havia de emocionante?
Mas ela nunca perdeu sequer uma noite de sono por isso. Ela não se importava.
Foi quando ela se deparou com um espelho... não daqueles que imaginamos quando nossa mães nos contam aquelas historinhas de dormir. Era um espelho qualquer. Entretanto, um espelho peculiar, único. Em plena sala, ele estava embaçado.
Talvez fosse apenas um sonho, quem se importa? Ela tinha tudo o que poderia querer. Nada poderia derrubá-la. Afinal, ela não entendia.
Esse espelho, e sua característica mais marcante é essa, lhe concedeu um desejo.
A menina, até então, alheia a tudo e todos, tomada por súbita curiosidade, pediu para sentir.
Provavelmente assustada, saiu correndo depois disso. Voltou ao espetáculo. Quando viu a comoção de todos ao seu redor novamente, ela simplesmente saiu em busca do espelho (seria isso preocupação?). Quando o encontrou, ele lhe indicou uma prateleira de livros, na biblioteca da enorme sala. Ela então, foleou o livro. Era um daqueles livros lidos pela mamãe antes de ela ir dormir. O espelho lhe mandou "encontrar a floresta". Estranho, não?
Em meio a tantas histórias, logo essa? "Alice no País das Maravilhas"... as personagens do livro, tão excêntricas quanto as do espetáculo que antes, não lhe despertou sentimento algum.
Vendo tudo aquilo, ela se deixou levar pelas lembranças. Entrou em um mundo há muito tempo esquecido, no fundo de sua memória.
Sentiu seu coração se aquecer de repente, e em meio àquelas recordações, sentiu que seu rosto (ou ao menos, parte dele) era aquecido também. Antes que pudesse conter o que estava acontecendo, sentiu um gosto salgado na boca.
O espelho, à sua frente, de repente mostrava uma nítida imagem: seu desejo havia sido concedido.
Algo desconhecido por ela até então. Ela se sentiu surpresa, emocionada, confusa, feliz, triste, tudo ao mesmo tempo.
Mas já não tinha mais medo de sentir. Ao contrário, sabia agora o que muitas pessoas passam a vida sem descobrir: que para dar o valor merecido ao que nós temos, é preciso saber primeiro a dor que nos traz viver sem isso.
Agora, tudo tinha um sabor especial para ela. Nos espetáculos, ela se encontrava naqueles personagens tão excêntricos que uma vez lhe causaram repulsa. Ela sabia o que eles tentavam passar. Pela primeira vez, ela pôde ver que por mais diferentes que nós sejamos, nossas reações diante de muitas coisas são as mesmas.
E ela soube que, daquele momento em diante, sua vida nunca mais seria a mesma. De fato, não poderia ser melhor. Mas que o dom que lhe havia sido concedido seria guardado, como o mais valioso tesouro. Porque ela entendia o que era viver sem ele.
Ela não queria sofrer. Ela não queria chorar. Sempre a mesma vida. Sem emoções.
E a sala cheia ao seu redor não lhe provocava reação alguma. O espetáculo que se passava ao seu redor não lhe dizia nada. Nada importava.
Ela olhava sem entender, as pessoas que riam, que batiam palmas (e pasmem, até mesmo aplaudiam de pé frente a algo que parecia inacreditável!!!), que se emocionavam quando o quadro era trágico. Via lágrimas rolarem pelas faces dos mais passionais. E continuava sem entender. O que os deixava daquele jeito? O que era tão importante pra ele? Afinal, eram apenas pessoas fingindo algo. Elas eram pagas para aquilo. O que havia de emocionante?
Mas ela nunca perdeu sequer uma noite de sono por isso. Ela não se importava.
Foi quando ela se deparou com um espelho... não daqueles que imaginamos quando nossa mães nos contam aquelas historinhas de dormir. Era um espelho qualquer. Entretanto, um espelho peculiar, único. Em plena sala, ele estava embaçado.
Talvez fosse apenas um sonho, quem se importa? Ela tinha tudo o que poderia querer. Nada poderia derrubá-la. Afinal, ela não entendia.
Esse espelho, e sua característica mais marcante é essa, lhe concedeu um desejo.
A menina, até então, alheia a tudo e todos, tomada por súbita curiosidade, pediu para sentir.
Provavelmente assustada, saiu correndo depois disso. Voltou ao espetáculo. Quando viu a comoção de todos ao seu redor novamente, ela simplesmente saiu em busca do espelho (seria isso preocupação?). Quando o encontrou, ele lhe indicou uma prateleira de livros, na biblioteca da enorme sala. Ela então, foleou o livro. Era um daqueles livros lidos pela mamãe antes de ela ir dormir. O espelho lhe mandou "encontrar a floresta". Estranho, não?
Em meio a tantas histórias, logo essa? "Alice no País das Maravilhas"... as personagens do livro, tão excêntricas quanto as do espetáculo que antes, não lhe despertou sentimento algum.
Vendo tudo aquilo, ela se deixou levar pelas lembranças. Entrou em um mundo há muito tempo esquecido, no fundo de sua memória.
Sentiu seu coração se aquecer de repente, e em meio àquelas recordações, sentiu que seu rosto (ou ao menos, parte dele) era aquecido também. Antes que pudesse conter o que estava acontecendo, sentiu um gosto salgado na boca.
O espelho, à sua frente, de repente mostrava uma nítida imagem: seu desejo havia sido concedido.
Algo desconhecido por ela até então. Ela se sentiu surpresa, emocionada, confusa, feliz, triste, tudo ao mesmo tempo.
Mas já não tinha mais medo de sentir. Ao contrário, sabia agora o que muitas pessoas passam a vida sem descobrir: que para dar o valor merecido ao que nós temos, é preciso saber primeiro a dor que nos traz viver sem isso.
Agora, tudo tinha um sabor especial para ela. Nos espetáculos, ela se encontrava naqueles personagens tão excêntricos que uma vez lhe causaram repulsa. Ela sabia o que eles tentavam passar. Pela primeira vez, ela pôde ver que por mais diferentes que nós sejamos, nossas reações diante de muitas coisas são as mesmas.
E ela soube que, daquele momento em diante, sua vida nunca mais seria a mesma. De fato, não poderia ser melhor. Mas que o dom que lhe havia sido concedido seria guardado, como o mais valioso tesouro. Porque ela entendia o que era viver sem ele.