terça-feira, 31 de julho de 2007

Recomeçar


Era um dia qualquer, ao menos, parecia ser... ela não sabia o que ia contecer, como nunca antes soubera...
Eles se encontraram pela primeira vez, ela não sabia o que fazer. Provavelmente, ela ficou completamente vermelha, como sempre fica quando está nervosa. Mas ela não sabia ao certo, somente achava. Não podia ver. Ela tremia incontrolavelmente enquanto segurava aquele cafezinho. Se não fosse uma situação tão nova, com certeza, ela teria achado engraçado.
Ela sempre foi uma menina boazinha, sempre obedeceu às regras. Até àquela noite. Ela não sabia que se sentiria daquele jeito. Ela não queria ter se sentido daquele jeito.
Ela passou tantos anos construindo muralhas ao seu redor. Ela não queria deixar ninguém se aproximar. E na maioria das vezes, ela tinha sucesso... mas não dessa vez. Provavelmente foi uma manobra involuntária, ela não percebeu o que estava acontecendo. Ou percebeu, mas simplesmente não importava mais.
Eles conversaram um pouco na hora da entrada, e as duas primeiras aulas foram rápidas demais, pois ela não prestava atenção. Ela nunca prestava, na verdade... mas dessa vez estava ainda mais alienada que nas outras...
A hora do intervalo chegou, e ela não conseguia parar de pensar naquele menino que tinha conhecido há tão pouco tempo... ela não entendia por que...
Quando eles se sentaram numa mesinha e começaram a conversar, era como se nada mais existisse... ela não queria sair dali, não fazia sentido algum sair dali.
Pela primeira vez na vida, ela não entrou para a aula. Ela tinha tanto medo que a mãe dela descobrisse... ela estava absolutamente amedrontada. Mas tudo isso ficava tão longe... ao menos do lado dele...
É como se o mundo inteiro tivesse sumido enquanto eles conversavam... ele arrancava aquilo dela, de alguma forma... perto dele, todos os medos dela vinham à tona e depois sumiam, sem deixar vestígios ou as habituais conseqüências, como se fossem apenas uma lembrança distante de um tempo que havia acabado.
Era como se ele soubesse exatamente tudo o que ela pensava, o que ela queria e o que ela temia... é como se "ele" trouxesse à tona todos os medos dela para depois fazê-los irem embora...
Quando começou a chover, ela desistiu completamente de ir pra classe... alguma coisa naquele menino a deixava fascinada. Provavelmente ela nunca entenda por que... com ele, ela não precisava falar, mas falava e ele parecia entender. Era estranho se sentir daquele jeito. Como se todas aquelas muralhas nunca tivessem sido necessárias, como se ninguém fosse capaz de atingi-la. Pela primeira vez em muito tempo ela não teve medo. Ela pôde mostrar, ao menos uma vez e à uma pessoa quem ela ralmente era... ela não quis ficar longe, ela não conseguia. Alguma coisa a prendia ali.
E todas aquelas muralhas que ela passou tanto tempo construindo tivessem ruído de repente (ela usa exatamente esse termo, lembra-se vagamente de tê-lo ouvido em um filme e tê-lo anotado em sua agenda há muitos anos atrás). De alguma forma, ainda que com muito pesar ela fale sobre isso, ela não quer esquecer. Ela se recusa a fazê-lo. Porque tudo o que ela quer é se sentir daquele jeito de novo. Porque ela precisa sentir como se alguém fosse realmente lutar contra os seus medos.
Porque ela sabe que nunca vai ser igual àquele dia. Mas ela sabe, também, que não há nenhum sentimento melhor que aquele.
E ela sabe que precisa se desapegar dessa lembrança, até que consiga pensar nela sem chorar. Até que consiga pensar nela como apenas uma lembrança... uma das melhores, uma das mais significativas... e sem dúvida uma das que ela tem mais medo de perder.

5 comentários:

Anônimo disse...

aain, muito liindo Thayná :D
eu acho que ela deve começar a pensar racionalmente, e seguir o que a narradora diz.
mesmo que eu mesmo não o faça.

te amo s2

;*

Anônimo disse...

Thaaay...texto lindo viu?

já pensou em ser escritora? hahaha


bjooo

Grinn Hood disse...

I

Grinn Hood disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Grinn Hood disse...

Memórias Póstumas de Thayná TK Neto
( dane-se que você não morreu )

" ahahahahahaha " ( citação )